quarta-feira, 4 de abril de 2012


Brasileiros criam aplicativo que pode revolucionar a vida de surdos

Aplicativo chamado de Prodeaf, assume o papel de intérprete de português e libras, através de um avatar.
Alfabeto em Libras
Pessoas que nunca tiveram problemas com a audição jamais poderão compreender a barreira comunicacional que divide os ouvintes dos surdos. Mesmo com uma linguagem de sinais específica e bem estabelecida, a Língua Brasileira de Sinais (Libras), as dificuldades de comunicação permanecem como obstáculo para o relacionamento entre os que vivem no silêncio e quem escuta.

E foi observando a dificuldade de um colega de classe surdo, Marcelo Amorim, que os estudantes de Ciência da Computação Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - João Paulo Oliveira, Lucas de Araújo Mello Soares, Amirton Chagas, Flavio Almeida e Daniel Ferreira - tiveram a ideia de desenvolver uma ferramenta de tecnologia que facilitasse a comunicação entre o grupo.

Nascia, em 2010, o Prodeaf, um aplicativo que assume o papel de intérprete de português e libras, através de um avatar. "A intenção é transformá-lo em uma plataforma e que possa ser usado em qualquer cenário", explica João Paulo, hoje diretor de negócios da startup Proativa, criada em sociedade com o grupo para o desenvolvimento do Prodeaf.

Ideia - O projeto partiu do pressuposto de que nem sempre um surdo tem um intérprete ao seu lado e, por isso, precisa de uma ferramenta portátil e fácil de usar e que permita que ele se comunique com ouvintes. E é assim que chegaram ao conceito de que o Prodeaf deveria ser um aplicativo para smartphone, acessível por qualquer sistema operacional.

De acordo com João e Lucas, com o app é possível que um surdo se aproxime de qualquer pessoa para pedir uma informação, por exemplo. Com a câmera do aparelho, o surdo registra os sinais em Libras e o sistema então os converte em áudio. Para responder, basta que o ouvinte fale com o app, que irá então representá-lo, via avatar no display.

Mas não é apenas na comunicação ao vivo que o aplicativo surpreende. O seu uso, explicam, pode ser estendido para ligações telefônicas. "Enquanto o surdo se comunica via gestos, o app os transformará em voz. Na outra ponta da ligação, o ouvinte terá sua resposta convertida em sinais", finaliza João.

Outra boa notícia é que o Prodeaf está em vias de ser colocado em testes com um grupo de surdos de associações parceiras do projeto, como a Associação de Surdos de Pernambuco, por exemplo. "A intenção é disponibilizar em caráter de teste para usuários em até dois meses", afirma João Paulo.

O grupo ainda está à procura de patrocinadores para que a produção do Prodeaf possa ser feita em grande escala, mas preveem que o lançamento da ferramenta para o público geral possa acontecer já em 2013. "Estamos entusiasmados com o projeto e também com o fato de termos conseguido quebrar essa barreira que divide os surdos dos ouvintes, nos sentimos importantes", brinca Lucas.

O entusiasmo não ficou reservado apenas aos jovens e aos grupos de surdos parceiros do projeto. No ano passado, o Prodeaf recebeu reconhecimento internacional ao ficar no segundo lugar mundial da Imagine Cup 2011 da Microsoft. O desafio proposto pela edição passada era imaginar soluções tecnológicas que pudessem ajudar a resolver problemas mundiais. E, ao que parece, os meninos de Pernambuco absorveram perfeitamente a ideia da competição estudantil.

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br

No Dia de Conscientização do Autismo, monumentos do Brasil e de outros países ganham iluminação especial



Um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro, o Cristo Redentor vai ganhar uma iluminação especial no início da noite de hoje (2), em tons de azul, para marcar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa tem o objetivo de chamar a atenção sobre a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

Além do monumento carioca, serão iluminados em azul o Teatro Amazonas, em Manaus; o Congresso Nacional, em Brasília; o Empire State Building, em Nova York (Estados Unidos) e o Big Ben, em Londres (Inglaterra).

No Rio de Janeiro, a ação está sendo coordenada por um grupo de organizações não governamentais (ONGs) voltadas ao acompanhamento de pessoas com o distúrbio. Uma delas é a ONG Mão Amiga, que trabalha há 11 anos prestando atendimento a parentes e amigos de pessoas com autismo. A presidente da entidade, Iranice Nascimento, disse que é preciso levar à sociedade mais informações sobre o transtorno, como forma de diminuir o preconceito em relação aos pacientes.

“Muita gente acha que criança autista é mal-educada e que não é capaz de aprender, o que não é verdade. Com o diagnóstico definido, é possível iniciar um tratamento adequado, por meio de terapias diversas, e avançar bastante”, destacou, acrescentando que a programação no Rio também prevê um recital aos pés do Cristo Redentor para destacar o papel da música como uma das terapias que auxiliam no tratamento do autismo.

A psiquiatra Letícia Calmon, da Associação de Amigos do Autismo, entidade ligada à Associação Brasileira de Autismo e que oferece suporte a quem tem o diagnóstico confirmado, explica que os sintomas aparecem antes dos 3 anos de idade e que o tratamento exige uma equipe multidisciplinar.

“O diagnóstico do autismo é clínico, baseado nas informações que a mãe passa e na observação do comportamento da criança. Os principais sintomas, que aparecem nos primeiros anos de vida, são déficit na comunicação, comportamentos repetitivos e dificuldade na interação social. Como não há medicação específica, o tratamento se dá com intervenções comportamentais, que devem ser feitas por uma equipe que inclui fonoterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo comportamental e psiquiatra.”

Jefferson de Oliveira, de 24 anos, recebeu o diagnóstico de quem tem autismo aos 3 anos de idade, após suspeita da pediatra que o acompanhava. A mãe do rapaz, Maria Aparecida Oliveira, diz que o acompanhamento especializado aumenta muito as chances de redução dos sintomas.
“Hoje os profissionais estão mais capacitados para fazer esse diagnóstico. Quem o recebe precisa ter os pés no chão, saber que cura não tem, mas, dependendo do grau do autismo e do tratamento, há uma boa melhora”, disse ela, ressaltando que, com o estímulo de profissionais, o filho conseguiu concluir o ensino médio.


Aluno especial paga mais 

Inclusive - sala de aula vazia.

Escolas particulares cobram ilegalmente taxas extras para matricular estudantes com síndrome de Down. A prática é condenada pelo Conselho Nacional de Educação e pela Secretaria de Educação, que pregam o respeito à inclusão

Acabar com a discriminação e incluir pessoas com distúrbios genéticos na sociedade. O discurso aparece em leis, em decretos, em organizações públicas ou privadas, na boca de políticos, além de ser um direito garantido pela Constituição Federal. Para os portadores da síndrome de Down do DF, no entanto, as dificuldades começam na escola e pesam no bolso dos pais. Estabelecimentos particulares cobram taxas extras para matricular esse tipo de aluno. A prática é ilegal, segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE), e a Secretaria de Educação. Ambos consideram a cobrança discriminação.

O Correio visitou seis escolas e constatou que três delas exigem a contratação de um acompanhante no ato da matrícula para fazer companhia à criança especial. O Colégio Santa Rosa (602 Sul), a Escola Renascença (914 Norte) e a Escola Nossa Senhora de Fátima (906 Sul) são enfáticos ao ressaltar que o aprendizado só é garantido com a presença desse profissional. Um docente auxiliar custa, em média, R$ 600, se sugerido pela instituição; e R$ 1 mil, se contratado por fora.

O Dromos (Sudoeste) afirmou fazer uma avaliação prévia da criança para analisar as reais necessidades de um supervisor. Na instituição, três portadores de síndrome de Down estão matriculados. Um não precisa de acompanhante, e os outros dois estão em fase de teste. O colégio permite que os pais escolham o tutor e paguem diretamente ao profissional. Entre as visitadas, as escolas La Salle (906 Sul) e Sigma (912 Sul) afirmaram não cobrar nada a mais para receber as crianças portadoras de necessidades.

O presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Francisco Aparecido Cordão, afirma que as estruturas física e de ensino das instituições devem receber a todos, com qualidade. “Não há qualquer legalidade nesta cobrança. Escolas públicas e privadas devem ser inclusivas e ter condições para receber os ditos normais e os especiais. A escola tem que dar tratamento adequado e não diferenciar quem tem deficiência x ou y.” A Educação especial para todos está prevista na Resolução nº 4 de 2009, do CNE, na Resolução nº 2 de 2001, no Decreto nº 3.956 de 2001 e em outras normas.

Acompanhante
A posição do CNE converge com a da Secretaria de Educação. Segundo o chefe da Coordenação de Supervisão Institucional e Normas de Ensino (Cosine), Marcos Silvio Pinheiro, órgão que supervisiona e orienta as escolas, a maioria das instituições não têm condições de receber alunos especiais. “O ideal seria que todas conseguissem atender bem essas pessoas, realmente educar. A princípio, esta cobrança é ilegal. Mas teremos que investigar todas elas para dizer o que pode acontecer.” Segundo ele, é preciso haver apuração de cada caso. “A escola pública tem os profissionais treinados para ensinar, mas as particulares enxergam a questão econômica. Temos processos de instituições que rejeitaram alunos.”


Apesar da cobrança, nenhuma das escolas visitadas mentiu ou tentou fazer um contrato com cláusulas obscuras. “Toda vez que a criança precisa de um atendimento especial, há um aumento no valor. Se ela necessita de um tutor, não posso dissolver isso nas outras mensalidades. A situação é, sim, legal, tem uma relação contratual clara”, disse a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, também proprietária da Dromos. Ela ressalta que o tutor garante a integridade da criança. “Com a contratação, garantimos a real inclusão, pois o acompanhante mostra os limites e direciona o estudo.”

O Correio ouviu funcionários de três colégios durante as visitas. Na Escola Nossa Senhora de Fátima, a atendente informou que é uma prática cobrar a mais dos pais pela contratação de um pedagogo em casos especiais (leia diálogo ao lado). Apesar disso, a psicóloga da instituição, Rosana Paranhos, afirmou que não há cobrança de taxa extra. O que há, segundo ela, é um “trabalho diferenciado”. “Tudo o que fazemos é conversado com os pais. Temos resultados ótimos e somos referência. As pessoas pedem indicação. Inclusive atendemos a primeira pedagoga que se formou com síndrome de Down”, disse.

A reportagem também gravou uma conversa na Escola Santa Rosa.Uma funcionária admitiu a cobrança de uma matrícula mais para o acompanhamento de alunos portadores de necessidades. A diretoria do colégio informou, por telefone, que só daria entrevista pessoalmente. Já o diretor da Renascença, César Augusto Peixoto, alegou que não cobra nada. “Temos alunos com síndrome de Down e nunca exigimos acompanhante.” Mas, segundo gravação feita pelo Correio, uma secretária afirmou não estar preparada para atender alunos com Down e disse exigir um profissional, escolhido pela família.

Conceito
O Decreto nº 3.956, que promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, cita que o termo discriminação significa “toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada”.
Fonte: Correio Braziliense/DF